O futebol brasileiro lida com uma triste realidade: Não é de longe o melhor do planeta!
Oficialmente criado pelos Ingleses, o futebol logo se espalhou pelo mundo, se tornando o esporte mais popular. Aqui no Brasil, ele logo caiu nas graças do povo, a criança crescia na companhia de uma bola, correndo descalça pelas ruas, fazendo malabarismos e, com um gingado próprio ao brasileiro, conduzia a "pelota" como ninguém.
O mundo se encantava com nossos jogadores, não eramos campeões mundiais, porque nos faltava a aplicação física e tática dentro de campo, organização e decência fora dele, mas as décadas foram passando, o talento do jogador brasileiro superava as deficiências, grandes astros levaram a seleção aos títulos de 58, 62 e 70.
O Brasil era sinônimo de futebol arte, tendo como expoente máximo o Pelé, eleito o melhor jogador de todos os tempos. A produção de jóias não parava, grandes seleções foram formadas, apesar de não conquistarem a Taça, ficaram na lembrança de torcedores do mundo todo pelo extremo talento de seus jogadores.
As outras seleções contavam sim com bons jogadores, não na mesma proporção que o Brasil, mas compensavam isso com trabalho árduo, aplicação tática, o reconhecimento do valor da formação de jogadores desde a base, com isso conquistavam o Mundial.
A antiga CBD se transformara na CBF, lucrando muito dinheiro com a Seleção Brasileira e seus inesgotáveis craques, que encantavam o mundo desfilando os seus talentos pelos gramados do Brasil e dos clubes europeus.
A "farra do boi" não tinha fim, a corrupção vinha desde a FIFA com o então presidente João Havelange, e depois com seu genro Ricardo Teixeira presidindo a CBF, que abriu ou escancarou as portas para o êxodo dos craques brasileiros para Europa, os empresários ganhando rios de dinheiro, os clubes mergulhados em dívidas.
Vinte e quatro anos depois do tricampeonato no México, o Brasil chega ao topo, com a conquista do tetra no Estados Unidos, jogando um futebol aquém de décadas passadas. Jogando retrancado, apostando nos contra ataques em velocidade e nos talentos excepcionais de Bebeto e Romário. Os problemas e roubos foram varridos para baixo do tapete com a conquista, novos craques apareceram como o Ronaldo Fenômeno, Rivaldo, Roberto Carlos, Denílson, Ronaldinho Gaúcho etc.
Na Copa da França perdemos na final para uma equipe bem armada e com o craque Zinedine Zidane, o país chorou, relembrando a dor de 1950 quando perdemos a final para o Uruguai no Maracanã.
A redenção do país do futebol veio em 2002, assim como a redenção do Ronaldo Fenômeno vindo de lesão no joelho, ali começava a derrocada do futebol brasileiro. Vimos nossos craques no ápice ganhar a Copa no Japão e na Coréia, o talento puro de Ronaldinho Gaúcho e Rivaldo fazerem a diferença.
O Brasil foi campeão com o sistema 3-5-2, criticado no começo, mas louvado depois do título, esqueceram do até então aclamado Romário, que o Felipão não quis levar.
O Brasil passava por transformações políticas extremas com a eleição do Lula a Presidente, mas a CBF continuava com o seu ditador supremo e seus asseclas, sugando o futebol brasileiro.
Para a conquista do Hexa foi chamado o técnico campeão de 94: Parreira!
Mesclando novos talentos e a base campeã de 2002, o Brasil naufragou na Copa da Alemanha, perdendo de um a zero para a França, na clássica e triste cena do Roberto Carlos ajeitando o meião. O fim de uma geração vencedora, ficamos atordoados, pois as pessoas que entendiam de futebol, começaram a perceber que o Brasil não produzia mas tantos craques em massa como antes.
Dunga foi chamado para assumir a seleção, fez uma renovação, colocou o que tínhamos de melhor, conseguiu dois títulos(Copa América e Copa das Confederações), mas o que tínhamos de melhor não era suficiente para fazer frente as melhores seleções do planeta, perdemos para a Holanda e caímos nas quartas de final da Copa da África do Sul.
O povo estava insatisfeito, achava que era inadmissível o Brasil não ser campeão mundial, as esperanças estavam na próxima copa do mundo que seria aqui! Notícias de corrupção na CBF assolavam a mídia, rios de dinheiro público foram colocados a disposição para a realização do evento. O agora deputado Romário queria instaurar uma CPI para apurar os roubos no futebol brasileiro e principalmente do poderoso chefão Ricardo Teixeira, que se sentindo acuado se afastou do comando da CBF, apesar de ter uma mandato até 2015, assumiu o seu lugar, o retrógrado José Maria Marin, que as más línguas insistem ter mais de cem anos de idade.
Para tentar a conquista do Hexa foi chamado Mano Menezes, que em dois anos não conseguiu dar um padrão tático a equipe, sendo que contava com poucos bons jogadores. Um país que já produziu milhões de craques, agora tinha como esperança o jovem promissor Neymar, até então jogador do Santos.
Passado dois anos, Mano Menezes foi demitido do comando da Seleção Brasileira, para o seu lugar a CBF fez o simples, chamou dois ex campeões mundiais como técnico: Parreira como coordenador e Felipão para comandar a beira do campo. Ele tinha menos de dois anos para fazer um milagre, formar uma equipe competitiva que pudesse enfrentar de igual para igual a atual campeã Espanha, e a promissora Alemanha.
Um erro tremendo é dar a vaga para o país sede, o brasil não disputou as eliminatórias, foram diversos amistosos com equipes risíveis, com a mídia, principalmente das organizações globo fazendo um carnaval toda vez que o Neymar aparecia. A equipe era fraca, sem padrão de jogo, mas as vitórias mascararam os erros, alguns valores individuais e as boas apresentações do agora jogador do Barcelona Neymar, fizeram os brasileiros fecharem os olhos.
Passamos vergonha na Copa América de 2011, mas em 2013 ganhamos a Copa das Confederações, o que deu certeza absoluta a todos que o título mundial viria.
O país foi assolado por manifestações que repudiavam os gastos com a Copa do Mundo, houve depredação do patrimônio público, tudo orquestrado pela ala covarde da política que visa subir ao poder nas eleições presidenciais desse ano. A população ignorante comprou o que a mídia vendeu, vaiou e insultou nossa presidenta nos eventos em que ela apareceu. Campanhas nefastas surgiram nas redes sociais vinculando uma possível derrota da seleção brasileira ao Governo Petista, como se uma coisa tivesse relação com a outra.
A copa se aproximou e o povo foi esquecendo as balburdias, receberam os turistas com afeto, e abraçaram o evento que se mostrou um sucesso, mas esqueceram mais uma vez que a seleção não tinha uma equipe preparada, que o nosso melhor jogador não chega a metade do que foram os nosso verdadeiros craques do passado.
O Brasil caiu em um grupo fácil, com Croácia, México e Camarões, mostrou um futebol pífio, com a insistente ligação da defesa para o ataque, conseguiu se classificar para as Oitavas de Final, onde enfrentaria a seleção Chilena.
Os erros foram repetidos contra o Chile, futebol medíocre, onde o nosso diferencial estava a mercê de uma tarde inspirada do nosso camisa 10, nosso atacante de ofício era o retrato da seleção e seu comandante: Nulo!
O jogo foi para os pênaltis, e o nosso goleiro brilhou, nos levando as Quartas de Final contra a Seleção da Colômbia que eliminara a Seleção Uruguaia. O Brasil era festa, não havia problemas na equipe, assim queria o povo enxergar, inúmeras críticas foram feitas a falta de padrão do time, mas o clima era de total confiança.
O jogo contra a Colômbia veio, fizemos nossa melhor apresentação, até que no final do jogo, ganhando de dois a um, numa bola que Neymar dominou de costas para tentar um contra ataque, ele foi covardemente atingido pelo defensor Zúñiga, nosso melhor jogador caiu aos prantos, saiu na maca se contorcendo, ficamos sabendo que ele fraturou uma vértebra e estava fora da copa.
Vencemos o jogo e estávamos classificados para a Semi Final para enfrentar a bela Seleção Alemã, que fizera bons jogos, mostrando ser uma equipe bem entrosada, resultado de um trabalho que começou a mais de oitos anos.
O Brasil estava quebrado, sem Tiago Silva na zaga, pois tomou o terceiro cartão amarelo de forma infantil, e sem o seu "craque", mesmo assim o Brasil inteiro ignorou a fragilidade da equipe, o descontrole emocional de vários jogadores que a todo momento choravam, desde a execução do hino nacional e nos momentos de tensão da disputa de pênaltis contra o Chile.
O técnico estava perdido, não sabia o que fazer para compor uma equipe que pudesse fazer frente a Alemanha. Talvez, em seus devaneios de ser um grande técnico e com grande soberba, ele achou que pudesse ir pra cima do adversário sem tomar precauções, escalou um time ofensivo, o que se mostrou um tremendo equívoco, pois em vinte nove minutos de partida, perdíamos por CINCO A ZERO, isso mesmo!
A seleção que tantas glórias nos brindou no passado, aquela que encantou o mundo com o futebol arte, era impiedosamente goleada diante de uma torcida estarrecida, parecia que eram homens jogando contra garotos imberbes.
A segunda etapa da partida veio e mesmo com alterações feitas por Felipão, o Brasil não conseguiu reagir e foi humilhado por um placar de 7 a 1, a pior derrota da história da seleção penta campeã mundial. Os duzentos milhões de brasileiros choraram com seus corações sangrando, seus olhos se abriram para a realidade e o sonho do hexa se transformou em pesadelo que tão cedo ninguém irá esquecer.
Naquele dia fatídico o futebol brasileiro foi enterrado a sete palmos de terra, fomos superados em tudo pelas outras seleções, eles conseguiram com trabalho árduo, boa administração, visando o futuro, superar os que foram gênios um dia.
Agora não nos sobrou nada, um país miserável em que o povo amenizava suas dores através do esporte bretão, não tem onde extravasar, não tem aquele mundo mágico, um mundo de sonhos, onde se deleitaria com a doce ilusão de que era melhor que os "gringos", que eramos superiores em alguma coisa, não, agora isso nos foi arrancado, o nosso sorriso com cada drible e lance genial, foi estraçalhado pelo rolo compressor da realidade.
Uma onda de revolta tomou o país e o mundo que se lembrava da verdadeira Seleção Brasileira, que agonizou e morreu aos pés da Holanda na disputa pelo terceiro lugar, perdendo de três a zero com autoridade. Ficamos com o quarto lugar, que no papel até ficou bonito, para o vexame e humilhação que passamos perante o mundo.
O futuro se mostra sombrio para o futebol Brasileiro, Marín e seu sucessor Del Nero, já deixaram claro que são contra trazer um técnico com bagagem européia por puro xenofobismo. O próximo técnico terá menos de um ano para fazer um milagre, montando uma equipe competitiva para as eliminatórias da Copa na Rússia em 2018. Ano que vem tem Copa América, as equipes Sul Americanas evoluíram bastante e com certeza se um trabalho sério não for feito, novos vexames serão vistos pelos gramados.
A mudança tem que começar de fora pra dentro do campo, enquanto esses ladrões que comandam a nossa Confederação, como se fosse uma extensão de suas casas, permanecerem sugando nosso futebol, os clubes irão falir, os nossos jogadores irão cada vez mais cedo para a Europa, muitos deles vão preferir se nacionalizar e defenderem outros países, e ficaremos com o bagaço que se arrastam nos clubes daqui.
Enquanto vos escrevo, está sendo noticiado que o Dunga acertou com a CBF para voltar a comandar a seleção. A esperança de mudança cai por terra, pois há um consenso que se deveria trazer um técnico do naipe do Mourinho ou Guardiola para modificar essa visão retrógrada que os técnicos daqui se apegam com tanto afinco. Somado a tudo isso, temos o fator crucial que a geração de jogadores acima da média não existe, ou seja, se não fizermos um trabalho implantando uma filosofia e um padrão tático que retire o melhor de cada um, com a humildade de reconhecermos nossas limitações, iremos afundar cada vez mais e enterrar de vez na lama o futebol que tantas alegrias nos deram.
Sou apaixonado por futebol e me dói muito ser um dos poucos com sobriedade para ver o futuro nefasto que se avizinha.
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