domingo, 16 de março de 2014

Capítulo VI: A União e a felicidade


Como é feliz a alma humana!
Não escravizada por estúpido controle
Livre para sonhar, vagar e brincar
Jogar a culpa dos dias passados
Caminhando na praia nublada
Observo as ondas vindo agitadas
Através do véu do luar esmorecido
Minha sombra estica a mão...

E então nós nos deitamos
Nos deitamos no mesmo túmulo
Nosso dia de Casamento Químico
E então nós nos deitamos
Nos deitamos no mesmo túmulo
Nosso dia de Casamento Químico

The Chemical Wedding
Bruce Dickinson



* * * * * * * * * * * * * * * * * * * *



Dois anos após nos conhecermos, eu pedi a mão de Maria à sua mãe, e conversamos como seria a cerimônia, sendo que não era meu desejo que fosse feita na igreja. Combinamos que faríamos algo simples no terreno de nossa casa e convidamos um amigo que era pastor para celebrar a união, pois a mãe dela e a própria Maria achava essencial a benção divina, não queria que fosse somente a assinatura dos papéis do cartório.


Estavam presentes familiares e amigos de ambas as partes e ouvimos a célebre frase: “ O que Deus uniu, o homem não separe”, e pela segunda vez em minha vida levei um beliscão pela cara feia que fiz ao ouvir as palavras do pastor(risos).



Dois anos se passaram, eu me formei e comecei a dar aulas duas vezes por semana em uma escola particular, minha esposa passou em um concurso, nossa vida estava perfeita, digo quase perfeita, até que veio a notícia espetacular: Eu seria PAI!


Engraçado que as coisas mudam, você passa a dar mais atenção as coisas, como a cor do quarto do bebê, roupinhas, o nome etc. Foram meses maravilhosos, todo final de semana, íamos comprar alguma coisa para o nosso filho.


Ainda lembro quando vi pela primeira vez, a imagem daquele pequeno ser no monitor, lembro da emoção ao saber que seria um menino. Minha esposa sorria toda vez que eu mencionava que faria do nosso filho um jogador de futebol, uma estrela do rock etc.


Aos trinta e cinco anos eu era pai de um lindo menino, vivíamos um sonho, eu olhava para minha esposa e meu filho, podia ver e sentir que aquilo era um tesouro inimaginável, não há dinheiro no mundo que compre isso.


Não queria perder o desenvolvimento do Adam, então pedi a minha esposa que gravasse alguns vídeos dele, pois fica fora boa parte do dia trabalhando. A noite sentava com ele no meu colo, e assistia com minha esposa o que ele fez durante o dia.


Fiquei bobo feito criança, quando ele deu os primeiros passos, quando começou a falar suas primeiras palavras, chorei quando me chamou de pai. Os dias eram como sonhos, de tão perfeitos que eram, cada descoberta do Adam, as perguntas desconcertantes que ele me fazia, sua inteligência ao lidar com os aparelhos que para mim parecia um bicho de sete cabeças.


Adam estava radiante quando o levei ao estádio de futebol pela primeira vez, era uma coisa que sempre sonhei em fazer, pois não tive essa oportunidade com o meu pai. Esse momento de pai e filho, torcendo pelo seu time de coração, a surpresa de ouvir seu filho gritar “burro”, para o jogador após ele errar um passe fácil, me fazia ver o quanto certas coisas na vida perdem importância diante disso.


Não sei se isso era bom ou ruim(risos), mas o Adam a medida que crescia parecia uma cópia fiel minha, as vezes eu me policiava para lhe dar o melhor exemplo possível, sentava com ele, e lhe explicava como uma pessoa boa deveria tratar as outras, independente de sua classe social, cor, religião, que deveria respeitar as pessoas, mesmo que as vezes elas nos tratassem mal, então aquele pequeno me surpreendia mais uma vez dizendo: Não se preocupe pai, vou fazer exatamente como o senhor faz, quero ser como você quando crescer, só que mais bonito!(risos) O danado ainda tinha uma coisa que eu nunca tive: Senso de humor!


Depois que meu filho Adam( que significa Adão, o primeiro homem, feito da terra vermelha) cresceu um pouco, começamos a viajar em família pelo brasil e posteriormente pelo mundo. Planejamos cada viagem com esmero, juntando aqui e alí, comprando os pacotes de viagem e programando nossas férias com antecedência, foram bons anos aqueles, simplesmente a felicidade estava em nossas vidas, eu não pensava mais na religião, quando alguma notícia de escândalo por desvio de dinheiro nas igrejas, padres cometendo pedofilia, isso não me alegrava como antes, não fazia mais nenhum comentário e nem discutia com os adeptos de qualquer religião. Eu ignorava os deuses, tinha alcançado tudo que eu queria, era feliz, tinha a vida perfeita.




* * * * * * * * * * * * * * * * * * * *


-- Boa tarde Paulo!


-- Oi Abner! Que felicidade revê-lo meu amigo! Senta aqui para conversarmos, quero lhe contar sobre uma novidade!


-- Paulo, antes quero lhe dizer que estarei ao seu lado em todos os momentos, quando precisar não hesite em me chamar, estarei pronto para lhe ajudar no que eu puder!


-- Não entendi! Você tem cada uma… Olha aqui as fotos da nossa última viagem, olha o Adam com a carinha suja de chocolate!(risos)



* * * * * * * * * * * * * * * * * * * *









































Nenhum comentário:

Postar um comentário